Por iniciativa da Direcção da Casa de Lafões, em Lisboa, no passado dia 19 de Novembro, reuniram, na sua Sede, todos os membros dos seus Órgãos Sociais, a fim de se criar um banco de ideias visando o futuro da Casa.
Esta reunião constituiu um momento agregador de todos os participantes em se empenharem na salvaguarda e valorização do património de Lafões, sob um olhar atento dos trabalhos em curso, nascendo ainda um novo desejo, há muito sentido: “um debate concertado e frutífero, alargado a toda a comunidade Lafonense”. Pretende-se, pois, construir um lugar de reflexão e partilha, discutir novos meios de actuação, avaliar dificuldades e identificar os principais desafios enfrentados pelos agentes dos órgãos sociais, encarregues de dinamizar e propor procedimentos sistematizados, concertados e devidamente planeados.
A Casa de Lafões e o seu património vivo, rico na diversidade e repleto de potencial, assume-se, sem dúvida, como um meio fulcral de partilha e fruição da experiência de mais de um século de existência. É, portanto, um notável legado de Lafões, que, todos assim o desejamos, pode exercer um contributo qualificado, tanto a nível social, como no desenvolvimento cultural e estratégico da Região.
Entendemos que chegou a hora de ser dado esse contributo que, pensamos, ser possível desde já, fazer um projecto que dê à Casa de Lafões um novo ciclo, particularmente, no que respeita à sua função futura: (solidariedade, veículo cultural, informação e divulgação do potencial turístico de Lafões).
Com o advento da República, em 1910, criou-se um certo espírito colectivista que fomentou o associativismo, daí que, em Lisboa, os migrantes, “cidadãos de fora”, se começassem a agrupar com os seus comprovincianos e conterrâneos para conversar, discutir política, tratar de assuntos relativos às suas terras de origem, ou apenas para matar saudades.
Não se deve pois ao acaso que, em 5 de Outubro de 1911, no primeiro aniversário da implantação da República, tenha sido fundada uma das primeiras, senão a primeira Casa Regional, em Lisboa, inicialmente chamada “Grémio Lafonense” que mais tarde passa a Casa de Lafões. Saudamos a Nossa Casa pela sua longevidade e acção continuada.
Devemos aqui acrescentar que, devido a dificuldades várias, nem sempre foi possível acompanhar o sentido da modernidade, mas as actividades da Casa de Lafões não cessaram, particularmente no que respeita à sua função de solidariedade social, de informação e divulgação do potencial turístico da Região que representa.
A génese do regionalismo, em Portugal, tem três fases quais sejam: (a da implantação) que vai desde o seu aparecimento, por volta de 1870, até à sedimentação do Estado Novo, representada pela célebre lei de 1935, que extinguiu as associações políticas e tão criticada por Fernando Pessoa; (a da compressão) que vai de 1935 até à Revolução de Abril de 1974 e a (da liberdade), subsequente reflecção.
Não obstante, as Casas Regionais têm custos de existência insuportáveis porque Lisboa é uma cidade caríssima e os apoios à cultura popular são cada vez menores, porquanto, o abandono a que o Estado e muitas autarquias as têm votado, criam-lhes sérios problemas de afirmação e existência, pois a distancia às regiões já não é grande, os meios de comunicação/informação são rápidos, as novas tecnologias fazem milagres e, falando das bases físicas e objectivas que determinam o regionalismo, há que repensar que, é certo, cada vez mais, se justifica a protecção das pequenas etnias, comunidades e respectivas identidades.
Aqui fica, pois, em resumo, o desafio que os Órgãos Decisores da CM de Lisboa e CM da Região, num gesto de boa vontade, animem a cidadania, desenvolvam a participação dos seus concidadãos, na cultura regional e façam florescer a amizade e fraternidade entre as suas gentes.
Texto escrito por: Eduardo Cortinhal Sanches